A coragem de dar a vida
João Batista de La Salle
(nascimento:30 de abril de 1651 em Reims, França – morte: 07 de
abril de 1719, Saint-Yon, França) foi um sacerdore, pedagogo e
pedagogista francês inovador, que consagrou sua vida a formar
professores destinados a formação de crianças pobres. Foi fundador
de uma congregação religiosa, os Irmãos das Escolas Cristãs, ou
Irmãos Lassalistas, dedicada à educação, especialmente dos mais
pobres. Em 15 de Maio de 1950 foi declarado patrono de todos
educadores, pelo Papa Pio XII.
Foi beatificado em 1888 e
canonizado em 24 de maio de 1900, pelo Papa Leão XIII, sua festa
litúrgica é comemorada no dia 07 de abril.
No
ano
de
1660,
João
Batista
é
matriculado
no
colégio
nobre
dos
“Bons
Enfants”
de
Reims, junto
dele
estão
outros
meninos,
todos
em
uniforme
de
gala,
todos
igualmente
assustados.
O
colégio
é
conhecido
pelo
ensino
de
austeridade,
os
mestres
são
severos
até
nos
raros
momentos
de
recreio,
onde
aqueles
meninos
de
9
anos
são
obrigados
a
falar
latim.
Já
no
colégio,
o
menino
lembra-se
com
carinho
de
avó,
quando
ela
abria
um
dos
belos
volumes
da
sua
estante
e
lia-lhe
a
vida
dos
santos.
João
Batista
ouvia
encantado
a
história
dos
mártires
atirados
às
feras,
dos
antigos
eremitas
habitantes
das
cavernas
solitárias,
do
soldado
Inácio
ferido
sob
as
muralhas
da
Pamplona
e
tocado
por
Deus,
do
missionário
Francisco
Xavier
que
tinha
navegado
até
as
índias,
para
levar
aos
pagãos
a
fé.
Em
1662,
João
Batista
com
11
anos,
além
de
estudar,
aprendera
a
conversar
com
Deus,
com
confiança
e
respeito.
Fixando
longamente
Jesus
crucificado,
morto
por
nosso
amor,
um
dia
disse
a
Ele:
“Tu
deste
a
vida
por
mim.
Pois
eu
também
vou
dar
a
minha
por
ti.”
E
em
uma
conversa
particular
com
o
pai
e
com
a
mãe,
pede-lhes
licença
para
se
fazer
padre.
João
Batista
De
La
Salle
com
19
anos,
entra
para
o
seminário
de
São
Sulpício
em
Paris,
onde
é
levado
a
uma
vida
serena
mas
decidida
de
pobreza,
obediência,
desapego
do
mundo.
Lá
ele
aprendeu
que
“É
preciso
viver
como
os
pobres,
para
se
poder
compreender
os
pobres”,
dizia
Vicente
de
Paulo,
homem
santo
que
lutou
para
tentar
conter
o
avanço
da
miséria
na
terra
francesa.
Assim,
durante
os
18
meses
passados
no
seminário,
João
e
outros
seminaristas,
aos
domingos
saem
à
procura
de
meninos.
Descobre-os
nas
vielas
estreitas,
úmidas,
nos
cortiços.
Esses
meninos
têm
olhos
apagados.
Se
consegue
atraí-los
com
brinquedos,
histórias
tiradas
da
vida
dos
santos.
Mas
quando
lhes
dá
algum
livrinho
para
lerem,
torcem
o
nariz.
Não
sabem
nem
ler
nem
escrever,
e
nem
têm
a
menor
esperança
de
vir
a
sabê-lo
algum
dia.
Na
cidade
há
escolas,
mas
só
para
quem
pode
pagar,
os
pobres
são
excluídos.
Então,
no
seminário
se
sente
a
urgência
de
abrir
escolas
gratuitas
para
levar
aos
pobres
a
instrução.
Junto
à
igreja
experimenta-se
abrir
a
Escola
Paroquial,
e
João
Batista
acompanha
a
escola
com
interesse.
É
o
primeiro
indício
da
missão
que
Deus
está
para
confiar-lhe.
Em
19
de
julho
de
1971,
morre
a
sua
mãe
e
nove
meses
depois
o
seu
pai,
foram
dias
amargos
para
João
Batista
que
imediatamente
deixa
o
seminário
e
volta
para
Reims,
pois
os
sete
filhos
dos
De
La
Salle
são
órfãos.
Somente
em
9
de
abril
de
1678,
João
Batista
De
La
Salle
torna-se
sacerdote
e
no
dia
seguinte,
reza
a
sua
primeira
missa.
No
final
da
cerimônia,
enquanto
João
Batista,
ainda
comovido,
tira
os
paramentos,
o
Padre
Nicolas
Roland
lhe
pede
ajuda
nas
Irmãs
do
Menino
Jesus,
quatro
escolas
para
meninas
pobres
que
estavam
ameaçadas
de
fechamento.
“É
preciso
salvá-las
e
ir
em
frente”
disse
Nicolas.
Foi
uma
das
últimas
coisas
que
fez,
dez
dias
depois
uma
violênta
hemorragia
o
prostra.
No
seu
testamento
indica
o
cônego
De
La
Salle
como
herdeiro
da
sua
obra.
João
Batista
se
lança
com
entusiasmo
à
obra
deixada
pela
metade
por
Roland.
As
autoridades
tiveram
de
ceder
ao
argumento
dado:
“Recusar
a
continuar
com
as
escolas
onde
são
educadas
mais
de
mil
meninas
pobres,
significa
tornar-se
responsável
pelo
seu
desvio.
Uma
vergonha,
uma
desonra
e
uma
triste
responsabilidade
para
aqueles
que
estão
encarregados
de
velar
pelo
bem
comum.”
A
aprovação
oficial
do
rei
Luís
XIV,
chega
no
dia
17
de
fevereiro
de
1679,
porém
o
arcebispo
nomeia
outro
nome
para
esta
obra.
Trinta
dias
depois,
De
La
Salle,
recebe
uma
carta
da
senhora
Maillefer,
de
família
nobre
de
Rouen,
mostrando
satisfação
com
o
trabalho
feito
pelas
meninas
e
pedindo
ajuda
para
abrir
uma
primeira
escola
para
meninos
pobres,
quanto
ao
dinheiro
necessário,
ela
seria
a
responsável.
João
Batista
estende
a
mão
e
se
poẽ
à
disposição
para
uma
obra
tão
importante.
Nos
dias
seguintes,
vai
ter
com
as
autoridades
uma
conversa
sobre
as
condições
dos
meninos
abandonados
nas
ruas
de
Reims
e
em
três
semanas
obtem
o
consentimento
de
todos.
É
como
um
sinal
de
partida,
derepente
todos
tomam
consciência
e no espaço de seis meses são abertas cinco escolas, financiadas
por ricas senhoras de Reims.
O próprio cônego La Salle foi o responsável pela formação dos
professores. Alguns abandonaram a vida de monge professor, outros
seguem o exemplo de João Batista e partem para fundar novas escolas.
Em 1680 Luís XIV recomeçou a guerra, e as ruas voltaram a ser
inundadas pela miséria. A pobreza se torna cada vez mais dura para
todos. João Batista recomenda aos seus a confiança em Deus:
“Continuemos a servir os pobres, que a Providência não nos
abandonará.” Em 1684 vende tudo o que possui e com a ajuda dos
seus colaboradores distribui tudo aos pobres.
Quando não tinha mais absolutamente nada, o P. La Salle quis
experimentar também na própria pele a humilhação dos pobres:
durante dias e dias andou mendigando junto com os miseráveis,
colocando-se na fila com eles. Viveu de pão e água recebidos de
esmola. Agora podia falar de pobreza e convidar seus professores a
dedicar-se com mais generosidade ao Senhor.
O P. La Salle e seus irmãos passaram por todos os tipos de
dificuldades, novamente a guerra, vinganças, ataque dos professores
que eram pagos para dar aula, a fome a miséria.
Naqueles anos de pobreza, o P. La Salle começa a escrever os livros
que se tornarão as vigas mestras da sua Congregação. As regras
comuns fixam a fisionomia espiritual dos Irmãos das Escolas Cristãs,
tal como se tinha vindo lentamente delineando através de provações,
sofrimentos, revisões.
A norma das escolas é o fruto de
longos anos de experiências, e de todo o amor que João Batista
consagrou aos meninos pobres. Fixa as linhas fundamentais do método
educativo dos Irmãos. Este método marcará a revolução total nas
escolas da França e da Europa. Acaba-se com os castigos corporais e
surge a figura do professor-educador,
que
dedica a vida ao menino-pessoa, digno de respeito e de afetuosa
atenção.
Para os irmãos escreve livros espirituais traçando um panorama da
do professor. Os irmãos são religiosos que renunciam ao sacerdócio
para dedicar a vida à transmissão da palavra de Deus aos jovens na
escola. “Educadores Cristãos”, eis o que são os Irmãos. Educar
cristãmente, para La Salle, significa levar os jovens a encontrar
Deus na oração, fazê-los viver à luz da sua presença, guiá-los
para nele colocarem o fundamento do compromisso e da alegria.
Em 1701, o P. La Salle completa 50 anos. Agora que o manípulo de
Irmãos se tinha multiplicado, ele percebeu que para ele se tinha
iniciado a última “estação” da vida. Os anos seguintes seriam
de intens trabalho, de problemas cada vez mais difíceis, de obras
que haveriam de desafiar o tempo.
Com 65 anos, João Batista de La Salle estáva mais envelhecido, mais
cansado, mas os seus olhos se tinham tornado mais serenos, risonhos.
E aos Irmãos e amigos ele dá um depoimento: “Confesso-lhes,
senhores, que se Deus, mostrando-me o bem que haveria de realizar o
Instituto, me tivesse revelado também o sofrimento e as cruzes que
devia arrostar, ter-me-ia faltado a coragem e não teria tocado nem
com um dedo o trabalho a começar.”
16 de maio de 1717, o P. La Salle convoca os Irmãos que tem as
maiores responsabilidades na Congregação, convencendo-os da
necessidade de eleger um novo superior. Da eleição, feita por
escrutínio secreto, resultou eleito o irmão Barthélemy.
Morreu na tarde do dia 17 de abril de 1719. Era Sexta-feira santa.
Nos derradeiros momentos, o irmão Barthélemy o ajudou a murmurar a
oração que os Irmãos tinham aprendido com ele a rezar todas as
noites: “Maria, Mãe de Deus, doce Mãe d'Aquele que perdoa,
defendei-nos do inimigo, e acolhei-nos na hora da morte.”
Bibliografia:
BOSCO, Teresio. JOÃO BATISTA DE LA SALLE – A coragem de dar a
vida. São Paulo: Editorial Dom Bosco, 1979.
“Jean Baptiste De La Salle”, edição sob os cuidados da Editora
L.D.C. - Turim-Leumann (Itália) Tradução de João Paixão Netto,
sob os cuidados da Editorial Dom Bosco, de São Paulo.
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